Na segunda-feira, 25 de março na Catedral São João Batista em São João da Boa Vista, a missa dos Santos Óleos, reuniu sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas. Além de grande parte de leigos, no principal templo da diocese, na celebração que teve início às 19h30, presidida pelo arcebispo metropolitano de Ribeirão Preto e administrador apostólico da diocese de São João da Boa Vista, Dom Moacir Silva e concelebrada pelos presbíteros membros do colégio de consultores e o pároco da catedral, Pe. Claudemir Canela (pe Mil).
Qual o significado da Missa dos Santos Óleos?
Todos os anos na Quinta-feira Santa, as dioceses se reúnem em suas catedrais para a celebração da Missa do Crisma. Mas, você sabe qual o simbolismo desse momento para a Igreja?
Durante esta celebração, se abençoa o óleo dos catecúmenos, dos enfermos e se consagra o óleo do Santo Crisma. Daí o fato de a celebração ser também chamada de ‘Missa dos Santos Óleos’.
Após o término do rito, os padres voltam para suas comunidades e levam a porção dos óleos para que possa ocorrer a prática dos sacramentos dos seus fiéis.
Nela também se renovam as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da ordenação, sendo também chamada de "Missa da Unidade", expressando a comunhão diocesana em torno do Mistério Pascal de Cristo, constituindo um momento forte de comunhão eclesial, de participação intensa das comunidades e de valorização dos sacramentos da vida da Igreja.
O bispo, se necessário, pode antecipar a celebração. Em algumas dioceses, ela é celebrada na Terça-feira Santa.
Entenda o significado dos óleos:
- Óleo dos Catecúmenos: Concede a força do Espírito Santo aqueles que serão batizados para que possam ser lutadores de Deus, ao lado de Cristo, contra o Espírito do mal.
- Óleo dos Enfermos: É um sinal utilizado pelo sacramento da Unção dos Enfermos, que traz o conforto e a força do Espírito Santo para o doente no momento de seu sofrimento. O doente é ungido na fronte e na palma das mãos.
- Óleo do Crisma: É um óleo utilizado nas unções consacratórias dos seguintes sacramentos: depois da imersão nas águas do Batismo, o batizado é ungido na fronte; na Confirmação, é o símbolo principal da consagração, também na fronte; depois da Ordenação Episcopal, sobre a cabeça do novo bispo; depois da Ordenação Sacerdotal, na palma das mãos do neossacerdote.
Confira a transcrição da homilia do arcebispo Dom Moacir nesta celebração:
Queridos irmãos e irmãs,
No santo batismo, na vida consagrada, e no ministério ordenado, queridos padres, hoje celebramos o aniversário natalício do nosso Ministério, cuja raiz e fonte repousam no sacerdócio de Jesus Cristo. Com Ele, fomos consagrados a Deus para a salvação da humanidade. Reconhecemos que a identidade do sacerdote emana da participação específica no sacerdócio de Cristo, tornando-se na igreja uma imagem real, viva e transparente de Cristo sacerdote, uma representação sacramental de Cristo, cabeça e pastor da igreja. A plena configuração a Jesus Cristo é a meta de todo o itinerário formativo inicial e permanente. Essa configuração a Cristo é uma consequência do seguimento no qual aprendemos e praticamos as bem-aventuranças do Reino, o estilo de vida de Jesus, seu amor e obediência filial ao Pai, sua compaixão frente à dor humana, sua proximidade aos pobres e pequenos, sua fidelidade à missão confiada e seu amor serviçal, até a doação de sua vida.
Identificar-se com Jesus e compartilhar seu destino é a grande orientação para nossa vida e ministério sacerdotal. Hoje, São Lucas nos apresenta o programa de Jesus, pois esse é o programa que os seguidores de Jesus devem ter diante dos olhos. O Espírito do Senhor está sobre mim, pois Ele me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres. Jesus é movido pela preocupação com o sofrimento das pessoas, o que o impele a deixar sua aldeia e levar a Boa Nova aos necessitados. Se nossas ações e palavras não são percebidas como boas notícias para os que sofrem, então que evangelho estamos pregando?
É interessante observar que o primeiro olhar de Jesus não se dirige ao pecado das pessoas, mas sim ao sofrimento que arruína suas vidas. Nossa maior falha está em fechar os olhos para o sofrimento dos outros, pensando apenas em nosso próprio bem-estar. Jesus se sente ungido pelo Espírito de um Deus que se preocupa com os que sofrem, e é esse espírito que o impulsiona a dedicar sua vida à libertação, alívio, cura e perdão.
O programa de Jesus é proclamar a libertação aos cativos, a recuperação da vista aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar um ano de Graça do Senhor. Nem sempre este foi o programa dos cristãos. Muitas vezes, a teologia cristã concentrou-se mais no pecado das pessoas do que em seu sofrimento. Porém, o verdadeiro cristão, ungido pelo Espírito, encontra-se junto aos desvalidos e humilhados, imbuído pelo amor de um Deus Pai que o envia aos mais pobres e abandonados.
Nesses tempos de globalização, o cristianismo deve globalizar a atenção ao sofrimento dos pobres. A opção pelos pobres não é uma invenção recente, mas está implícita na fé cristológica, naquele Deus que se fez pobre por nós. É o Espírito de Deus que anima a vida de Jesus e que devemos introduzir na história humana. Como disse São Paulo VI, é dever da igreja promover a libertação total. Só é possível viver e anunciar Jesus Cristo a partir da defesa dos últimos e da solidariedade com os excluídos.
Queridos padres, tudo isso está diretamente relacionado à nossa vida e missão. Nosso seguimento de Jesus e nossa configuração a Cristo estão em jogo. Vamos, portanto, renovar os compromissos assumidos no dia de nossa ordenação, refletindo se temos sido consequentes com esses compromissos perante o Bispo e a igreja. Temos vivido como convém a alguém configurado com Cristo, cabeça e pastor da igreja?
No silêncio de nossos corações, vamos refletir sobre isso.
Texto: Eduardo Cunha - Assessor Diocesano de Comunicação
Fonte: https://www.a12.com/jovensdemaria/artigos/crescendo-na-fe/voce-sabe-o-que-e-a-missa-dos-santos-oleos
Por: Diocese São João em: 26-03-2024 às 11:55:42